"Somos servos do Altíssmo, propagadores de uma mensagem que otempo não destruiu e nunca destruirá, nem as artimanhas do inimigo; a mensagem é que Jesus Cristo é o Senhor e reina soberano sobre as nossas vidas".

terça-feira, 5 de outubro de 2010

A CANÇÃO QUE SEPARA! Por Padre Zezinho


Davi tocava harpa. Os salmistas sabiam do poder da canção como louvor e como protesto político. Os salmos estão cheios de teor político. Davi chegava a escalar pessoalmente os cantores do templo, tamanha a importância que dava à canção que era político-religiosa. Leia bem os salmos e verá porque se cantava!
Nero compunha e cantava. Hitler a usou para sua propaganda nazista. Os reis queriam hinos e canções nos seus palácios, mas chegavam a degolar os cantores que os criticassem. Generais apóiam hinos de batalha. Bandas, orquestras, quartetos, corais, concertos, celebrações litúrgicas... Em tudo a canção aparece para divulgar, mentalizar, organizar, motivar, convencer e recrutar.
Nem sempre ela suscita bons sentimentos. Encanta e chama, mas pode semear ódio e divisão. Conscientiza ou aliena. Depende do pregador, do cantor, do político e das suas intenções ao usá-la. As religiões investem pesadamente na canção: católicos, evangélicos, judeus, muçulmanos, monges, autoridades, povo. Canta-se por toda a parte: salas, igrejas, metrôs, estádios, ruas e praças. Música bem tocada chama o povo, abre espaço para a pregação que vem mais tarde. Cantam os da Teologia da Libertação, cantam os da Renovação e os cantos revelam sua maneira de pensar a fé e a vida.
De tal forma, a canção marca o inconsciente que um tem dificuldade de cantar a canção do outro. Conservadores, progressistas, moderados, saudosistas, ecumênicos, proselitistas, todos têm seu jeito de cantar. Entra nos seus templos ou reuniões, a canção que se afina com seus pregadores. Raramente cantam as de outra linha. Vendem seus discos, suas canções e mostram desconhecer totalmente o que os outros andam cantando.
É que a música chama, mas nem sempre congrega. Não espere que cristãos de uma linha cantem com facilidade as canções da outra linha. É cada um cantando seu canto, lá no seu canto. Existem as exceções, mas exceções permanecem. Em geral, é uns cantando de cá e outros cantando de lá. Nem todo o cantor é fraterno ou ecumênico. Existe aquele que, se puder ocupar o espaço do outro, ocupa. Há quem veja sua canção como do céu e a dos outros como profanas demais! Algumas igrejas ou grupos chegam a proibir terminantemente os seus fiéis de irem no show daqueles outros católicos ou evangélicos... A isso chegamos!
Para o amor e para a guerra, para o bem e para o mal, feita por vozes e/ou instrumentos, ela também é instrumento e porta-voz. Feliz de quem não se deixa enganar por ela, porque gente com idéias ultrapassadas, ou com projetos de violência ou dominação, pode tocar música encantadora e envolvente. O Terceiro Reich de Hitler era entremeado de canções. Sua música bonita abafava o barulho dos seus canhões. Não é porque um grupo toca e canta bonito que seu projeto é bonito! Os aviões também são bonitos e fazem flutuar, mas alguns deles carregam bombas...
Se há quem use da oração para pedir a morte do inimigo, há quem use da canção com o mesmo objetivo. Saibamos usá-la. Mal utilizada pode prejudicar um povo e uma Igreja! Em resumo: ouça com critério. Você não varia as suas refeições? Então ouça as músicas dos outros cristãos. Deus anda soprando e dizendo muita coisa boa do lado de lá... Não fique só na música da sua Igreja e do seu movimento. Deus também grava em outras gravadoras...

Pe. Zezinho, scj (pezscj@uol.com.br)
www.padrezezinhoscj.com - Taubaté-SP

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